O castelo surgiu na idade média com uma função: proteger os reis, suas famílias e seus bens em tempo de guerra. Geralmente eram construídos em lugares elevados de onde era possível enxergar ao longe qualquer ameaça e tinham em sua volta um grande fosso preenchido com água para dificultar a entrada do inimigo. Eram de pedra, porque em seu interior havia guardado algo de muito valor, sejam os bens ou a vida.
Hoje parece que esquecemos as lições da idade média e invertemos um pouco os papéis. O nosso castelo passou a ser construído de areia, é mais fácil e rápido de se erguer outro caso ele seja atacado e caia por terra ou a onda o leve ao chão.
Construimos em um lugar qualquer, não precisamos e nem queremos ver o que está em nossa volta por mais que isso queira se mostrar. Fechamos os olhos frente aos problemas do mundo única e exclusivamente por comodismo. A não ser quando eles invadem a nossa casa como um furacão...
Tanto faz quem é que tem acesso aos nossos bens mais preciosos. Damos a chave e o poder de imperar em nosso território a qualquer pessoa que se pareça legal, "ah mas ele era tão bonitinho, parecia tão bem intencionado"... E quem imaginaria que dentro do cavalo poderia haver soldados em Tróia? Se ao menos alguém tivesse inspecionado antes de levar para dentro dos muros.
E para finalizar, como a proteção é frágil, é de areia, o nosso coração acaba se tornando de pedra para compensar. Não sentimos, apenas nos deixamos envolver. Perdemos e nos contentamos com a derrota por termos nos envolvido com uma camada grossa de orgulho. Precisamos nos esconder por muitas vezes de nós mesmos para não corrermos o risco de destruir nossa pseudofortaleza e nos depararmos com o diamante raro que somos.
Enquanto construirmos frágeis fortes de areia e endurecermos o nosso coração para compensar isso, não iremos conseguir sentir a beleza de cada amanhecer, ouvir a poesia das horas e a liturgia do tempo para nós não fará sentido. Nos tornaremos escravos dos minutos e daqueles que estão em nossa volta, nos nossos frágeis muros de barro.
É quantas vezes não percebemos que estamos fazendo isso endurecendo nosso coraçao por causa de comodidade !!!
ResponderExcluirBelo texto Thiago, você está cada vez montando textos cada vez melhores...